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Fomento a
Agentes e Causas

O papel de editais para mitigar desigualdades

Os editais tiveram papel estratégico dentro da dinâmica de apoio e atuação de Fomento a Agentes e Causas, em particular para incluir raça, gênero e território no centro de investimentos para combater desigualdades em perspectivas diversas.

O edital Elas Periféricas é um dos destaques nesse contexto. Voltado à potencialização de iniciativas lideradas por mulheres negras que têm atuação em áreas periféricas de todo o Brasil e causam efeitos transformadores nos seus respectivos territórios, o edital foi realizado pelo terceiro ano e teve o seu foco de incidência ampliado.

A parceria com a rede social TikTok multiplicou a quantidade de organizações apoiadas: de seis na edição anterior para 60 projetos coordenados por mulheres negras elegíveis para receber R$ 20 mil. Ou seja, o edital mobilizaria R$ 1,2 milhão, valor oriundo do próprio TikTok e da campanha #SouDona, baseada na versão da música Dona de Mim, de Iza, com participações das cantoras Marvvila, Urias, Majur, Mariah Nala, Lauana Prado e Negra Li; a música foi relançada para a iniciativa.

No total, 327 iniciativas se inscreveram. Após as fases de seleção, que contemplaram entrevistas com a equipe responsável pela avaliação e curadoria do edital, 60 organizações foram selecionadas. O anúncio ocorreu em 27 de julho, durante transmissão ao vivo realizada no Enfrente, canal da Fundação Tide Setubal no YouTube, com mediação de Adriana Rodrigues, da organização Mulheres de Orí, e participações de Anielle Franco, diretora do Instituto Marielle Franco, e Denna Souza, do Manifesto Crespo.

Além do valor aportado para investir no desenvolvimento das suas respectivas estruturas, as 60 organizações passaram por formações para melhorar as suas respectivas estratégias de planejamento, gestão e atuação.

Caminhos para fomentar lideranças

No último trimestre de 2021, o Edital Traços, iniciativa voltada ao fortalecimento da trajetória profissional, educacional e pessoal de pessoas negras de 21 a 45 anos nascidas e/ou moradoras de periferias ou contextos periféricos, de modo a contribuir para ampliação da diversidade racial em espaços de influência e decisão, em seu segundo ano, foi realizado dentro da Plataforma Alas, promovida pelo Programa Raça e Gênero. Nessa edição, o edital teve como objetivo selecionar 71 lideranças negras.

Anteriormente conhecido como Caminhos, o edital, que foi viabilizado em parceria com Instituto Ibirapitanga, Open Society, Porticus América Latina e Instituto Galo da Manhã, teve como objetivo apoiar lideranças envolvidas em duas áreas de atuação:

  • Política Institucional: o perfil das(os) candidatas(os) elegíveis diz respeito a ativistas atuantes na defesa de direitos e de valores democráticos e que almejam ocupar cargo eletivo nos Poderes Executivo ou Legislativo. Vale ressaltar que, nessa categoria, campanhas políticas não recebem apoio;
  • Carreira Jurídica: as/os candidatas/os devem ser lideranças atuantes no enfrentamento do racismo institucional. Além disso, elas/es deverão ser profissionais que almejam ocupar espaços jurídicos do setor público, no Poder Judiciário, nas funções de juiz/a, promotor/a de justiça, defensor/a público/a, delegada/o de polícia, procurador/a ou advogada/o pública/o.

O Edital Traços contou com 180 lideranças inscritas, sendo 55 atuantes na Carreira Jurídica e 125 envolvidas com o eixo de Política Institucional. Em âmbito geográfico, a região Sudeste teve 93 lideranças, enquanto 49 inscrições vieram do Nordeste. O Sul foi representado por 16 lideranças, o Centro-Oeste contou com 13 pessoas envolvidas, e, por fim, a região Norte teve nove pessoas inscritas.

Ainda, as inscrições mostraram o caráter plural das/os candidatas/os do edital: 112 candidatas eram mulheres (111 cis e uma trans), 62 eram homens (61 cis e um trans), duas autodeclararam-se como pessoas não binárias e outras quatro pessoas não informaram a identidade de gênero. Em âmbito racial, 156 pessoas inscritas eram pretas, e 24, pardas.

Pôde-se perceber também que uma parte substancial das ações previstas pelas lideranças, como parte do plano de desenvolvimento delas, foi colocada em prática – 82% dos casos, com exceção das ações de intercâmbio internacional. Vale destacar que quem não conseguiu colocá-las em prática em 2021 realizou ajustes nos seus respectivos planos e propôs outros investimentos relacionados aos objetivos em questão.

Outro ponto a ser destacado compreende os investimentos colocados em prática: 48% das lideranças optaram por investir em cursos de língua inglesa, enquanto 42% decidiram ingressar em programas de pós-graduação.